terça-feira, 30 de junho de 2015

"Questão de Opinião" ganhando espaço

Nessa segunda aconteceu algo interessante.

Aqui em Campo Mourão há um jornal que abre espaço para os leitores mandem seus textos (contos, crônicas, poesias,...) e podem vir a ser publicados no espaço reservado. Pois mandei um texto da coluna "Questão de Opinião" aqui do blog, que foi publicado essa segunda. O texto era o "A pior companhia para viajar" publicado aqui em 16/06/2015.




Esse é o link do jornal TaSabendo.

Capaz que mandarei outros textos para o jornal, mas textos já publicados aqui primeiramente, ou talvez, textos não publicados aqui por fugir um pouco da linha da coluna. Quem sabe?

Questão de Opinião #8 - O Frio está chegando


O Frio está chegando

O frio está chegando (na verdade já era pra ter chegado há algum tempo) e com ele vários hábitos junto. Essa é a época em que a preguiça se torna mais predominante, a vontade de ficar na cama (ou no sofá) debaixo de cobertas é maior, é um lugar tão confortável e aconchegante que a força para deixá-lo deve ser grande.

Tiramos do guarda-roupas os agasalhos de moletom e lã empoeirados, com o cheiro característico de que estava de férias. Se dermos sorte ainda encontramos algum dinheiro esquecido em um bolso, desde o inverno passado, e ganhamos o dia. Na rua, o vento cortante bate no rosto deixando vermelhas nossas bochechas, e nos encolhemos mais e mais. O ar que sai de nossa boca ao bocejar ou conversar tem a companhia de uma “fumacinha”. Todos procuram ficar sob o Sol quando este aparece, embora não traga muito calor.

É a época das bebidas quentes, cafés, chocolates, cappuccinos, conhaques, vinhos. Comidas pesadas, mais gordurosas, que aumenta ainda mais a preguiça e vontade de ficar no casulo do sofá. A noite as ruas ficam vazias, sem vida, preenchida apenas pela neblina visitante que abraça aquele que, por ventura, saem do conforto de suas casas.

Mas não se pode deixar que esse clima externo entre em nós e congele nossos corações e almas. Esse clima propicia nos tornamos mais amargos, mais raivosos e rancorosos, afinal, não há muita cor para onde olhamos. Devemos lutar não só para sair da cama pela manhã, mas também para não deixar a alegria de viver e compartilhar sorrisos e calor humano. O inverno deve ser só a estação do ano, gelando nosso exterior, mas em nossos corações deveria ser verão o ano, a vida inteira.



segunda-feira, 29 de junho de 2015

A Formiga e a Cigarra


Num dia de quente de verão, uma alegre cigarra estava a cantar e a tocar o seu violão, com todo o entusiasmo. Ela viu uma formiga a passar, concentrada na sua grande labuta diária que consistia em guardar comida para o inverno.
"D. Formiga, venha e cante comigo, em vez de trabalhar tão arduamente.", desafiou a cigarra "Vamo-nos divertir."
"Tenho de guardar comida para o Inverno", respondeu a formiga, sem parar, "e aconselho-a a fazer o mesmo."
"Não se preocupe com o inverno, está ainda muito longe.", disse a outra, despreocupada. "Como vê, comida não falta."
Mas a formiga não quis ouvir e continuou a sua labuta. Os meses passaram e o tempo arrefeceu cada vez mais, até que toda a Natureza em redor ficou coberta com um espesso manto branco de neve.
Chegou o inverno. A cigarra, esfomeada e enregelada, foi a casa da formiga e implorou humildemente por algo para comer.
"Se você tivesse ouvido o meu conselho no Verão, não estaria agora tão desesperada.", ralhou a formiga. "Preferiu cantar e tocar violão?! Pois agora dance!"
E dizendo isto,  fechou a porta, deixando a cigarra entregue à sua sorte.

Moral da história:
Não penses só em divertir-te. Trabalha e pensa no futuro. 

É melhor estarmos preparados para os dias de necessidade.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Música para o FDS #17 - Jet

para esse fim de semana deixo a banda de rock australiana Jet.

Espero que curtam, ao longo das sextas acabarão aparecendo outras músicas deles


quinta-feira, 25 de junho de 2015

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Frase da Semana #18

Como o inverno chegou oficialmente no último domingo, mesmo o frio ainda não aparecendo com todo seu poder, temos que lembrar que:

"Se o inverno chegou, a primavera não estará distante"

Percy Bysshe Shelley

terça-feira, 23 de junho de 2015

Questão de Opinião #7 - Rsenha #1: Jurassic World


Boa existência Galera,
Ontem fui ao cinema assistir o filme ”Jurassic World”. De verdade, não aconselharia a levar crianças para ver os dinossauros, elas podem ter pesadelos e, sinceramente, gostei bastante do filme.



Uma rápida sinopse: depois do fracasso do parque de John Hammond que ocorreu no filme “Jurassic Park”, o parque foi comprado por um outro investidor que fez os ajustes adequados e conseguiu colocá-lo para funcionar. O parque é um sucesso que recebe milhares de pessoas diariamente para ver os animais ex-extintos. No entanto (sempre há um “no entanto”) o parque precisa de novas atrações constantemente para continuar atraindo atenção da mídia e de investidores, além de novos visitantes; daí a necessidade de criar um novo dinossauro através de engenharia genética. E é ai que as coisas dão errado, e o resto você já sabe: correria, efeito dominó dos problemas, mortes, muitas mortes (são milhares de visitantes no parque agora), dentes, sangue, rugidos e a busca por uma solução. Basicamente isso.

Mas e o que eu tenho com isso? Eu sempre, desde molequinho, gostei de dinossauros; vi os três primeiros filmes da franquia no cinema e em casa, mais de dez vezes cada um (inclusive um mês atrás os revi novamente), não poderia deixar de conferir esse nas telonas. Esse novo filme se sustenta sozinho, mas com toda certeza, o conhecimento dos três anteriores faz a experiência ficar muito melhor. O parque antigo é citado algumas vezes sem ser forçada essa relação. Existem referências explicitas ao filme original e, ao meu ver, ainda havia algumas outras referencias nem tão claras aos outros dois filmes.



Como tinha visto os trailers já imaginava com o que ia ver na tela: uma releitura do primeiro filme com um pouco mais de tecnologia, e foi assim: na primeira parte me arrepiei todo, quase escorreu suor com testosterona do canto do olho, podendo revisitar aquele parque, aquele lugar mágico, a música, voltei a ser um garoto de oito anos na cadeira do cinema. Foi apresentado o parque, as atrações e construídos os personagens, normal. A segunda parte ocorre o problema que tem que ser resolvido e começa aparecer a solução, normal também e esperado de acordo com o trailer. Mas existe uma terceira parte que é inimaginável que me tirou da cadeira. E nesse ponto acho que o trailer funcionou muito bem, ele deixou com vontade de assistir ao filme, dizendo que havia coisas novas, mas não entregou a maior surpresa. E ainda acho que essa surpresa, a resolução final, tem referencias ao primeiro filme e ao começo desse próprio.

Para uma criança ou jovem dos dias atuais os efeitos especiais não surpreendem tanto quanto aquele filme de 1993, aquele foi um salto muito grande. Até hoje os efeitos especiais estão OK, você acredita, envelheceram bem, diferentemente do “O Senhor dos Anéis” que é quase dez anos mais novo, por exemplo. Na época Spielberg misturou a computação gráfica e animatrônics (bonecos/robôs que se mexem) para contracenar com os atores. Hoje não se usam mais animatrônics, apenas computação gráfica, por ser muito mais prático; mas, tive a impressão ainda que nesse filme utilizaram animatrônics em uma determinada cena, que pode ter sido uma homenagem aos filmes antigos.




Resumindo,filme muito bom que se sustenta sozinho e é repleto de homenagens e referências à sequencia original. Sustos, muitos dentes, muito sangue e explosões estão garantidos.


segunda-feira, 22 de junho de 2015

A Coruja e a Águia

A Coruja e a Águia


Coruja e águia, depois de muita briga resolveram fazer as pazes.
— Basta de guerra — disse a coruja.
— O mundo é grande, e tolice maior que o mundo é andarmos a comer os filhotes uma da outra.
— Perfeitamente — respondeu a águia.
— Também eu não quero outra coisa.
— Nesse caso combinemos isso: de agora em diante não comerás nunca os meus filhotes.
— Muito bem. Mas como posso distinguir os teus filhotes?
— Coisa fácil. Sempre que encontrares uns borrachos lindos, bem feitinhos de corpo, alegres, cheios de uma graça especial, que não existe em filhote de nenhuma outra ave, já sabes, são os meus.
— Está feito! — concluiu a águia.
Dias depois, andando à caça, a águia encontrou um ninho com três monstrengos dentro, que piavam de bico muito aberto.
— Horríveis bichos! — disse ela. — Vê-se logo que não são os filhos da coruja.
E comeu-os.
Mas eram os filhos da coruja. Ao regressar à toca a triste mãe chorou amargamente o desastre e foi ajustar contas com a rainha das aves.
— Quê? — disse esta admirada. — Eram teus filhos aqueles monstrenguinhos? Pois, olha não se pareciam nada com o retrato que deles me fizeste…
Moral da história: Para retrato de filho ninguém acredite em pintor pai. Já diz o ditado: quem ama o feio, bonito lhe parece.

Monteiro Lobato

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Música para o FDS #16 - Legião Urbana

Não sei onde vocês estão, mas aqui o clima não está ajudando muito. Um tempo fechado, com nuvens anunciando chuva e um frio que dá medo. Devido a esse cenário foi escolhida essa música para embalar o FDS, de preferencia acompanhado com uma garrafa de vinho.


quinta-feira, 18 de junho de 2015

Alvares de Azevedo, o ultrarromântico

Alvares de Azevedo foi um poeta/escritor paulista do século XIX. Jovem precoce, morreu aos 20 anos de idade. Até essa idade começou o curso de direita na Faculdade Largo do São Francisco, mas se afastou devido a tuberculose. Escreveu vários poemas e alguns livros, além de traduzir peças e livros.


Principal expoente da 2ª geração do romantismo brasileiro, também chamada de ultrarromântica ou byroniana, por ser a mais sentimental e exagerada dentre as três gerações. Torna a mulher um ser inalcançável, como se estivesse em uma redoma de vidro sobre um pedestal, e a morte sempre rondando.
Também é o patrono da cadeira nº2 (de novo o 2) da Academia Brasileira de Letras.Suas principais obras são "Lira dos vinte anos" (era cobrado a algum tempo atrás em vestibulares, como a fuvest) e "Noite na taverna" sendo esse em prosa e o primeiro em versos. O conto apresentado na última segunda-feira (15/06/15) foi retirado desse livro inclusive.


quarta-feira, 17 de junho de 2015

Frase da Semana #17

Semana passada encontrei um representante amigo meu que me presenteou com uma pérola que preciso compartilhar com vocês. 


"Besouro rola bosta e acha bom!"


Cada um sabe o que é bom pra si mesmo, não é?

terça-feira, 16 de junho de 2015

Questão de Opinião #6 - A pior companhia para viajar


Lá se vão mais de cinco anos que sai de casa para continuar os estudos e, posteriormente, trabalhar. Foram duas cidades que morei desde então, e todas as duas mais de 600 km distantes da minha cidade natal. Como volto com certa freqüência para visitar os familiares, amigos e outros compromissos, já percorri, tranquilamente, mais de 150 mil km durante esse período, ou seja, quase quatro voltas ao redor do nosso planeta (a circunferência da Terra é de 40.075 km). A maioria das viagens foram de carro e algumas nos ônibus.

Em viagens de ônibus você não escolhe quem sentará ao seu lado (e aparece cada figura), mas no carro existe essa possibilidade. Já viajei com minha mãe, namorada e amigos, e digo: o pior tipo de pessoa para te fazer companhia na viagem enquanto você dirige é você mesmo. Quando você não está dirigindo sempre há a possibilidade de dormir ou conversar com outra pessoa (haverá pelo menos mais uma pessoa: o motorista), mas caso contrário, tem que ficar o tempo todo acordado.

Essas viagens que faço duram mais de sete horas. É muito tempo comigo mesmo. Por mais que monto um CD bacana e encho o pen drive de músicas, é muito tempo. Hoje já me acostumei, mas pode ser complicado. Por ser muito tempo, mesmo a música não será capaz de ocupar sua cabeça durante todo o trajeto. Há também um período de vazio em que só há a estrada. Mas, inevitavelmente uma hora, você se depara com você mesmo, e descobre ser a última pessoa que gostaria de encontrar. Todos nós temos nossas máscaras sociais, pequenas (ou grandes) mentiras que contamos para os outros, segredos que não revelamos e somos felizes assim, não somos julgados. Mas não existem mentiras ou segredos de você para consigo mesmo e o julgamento se torna inevitável, implacável. Por mais que tente esconder você saberá que é mentira, não há como fugir.

Somos julgados por todo mundo, o tempo todo, querendo ou não, e não gostamos disso. No entanto, nós também julgamos todo mundo, o tempo todo, querendo ou não. Então, quando estamos sozinhos acabamos julgando a nós mesmo, e não gostamos disso. A nossa vida hoje, de certa forma, é planejada para que possamos fugir de nós mesmos. Quando entramos no carro, a primeira coisa que fazemos é ligar o rádio; ao chegar em casa, ligamos a televisão; quando vamos caminhar colocamos um fone de ouvido e escutamos músicas. Tudo isso são formas de criar distrações e nos evitarmos.

Mas esse encontro com nós mesmos é ruim? Sinceramente, não acho. É uma baita oportunidade de autoconhecimento, de repassar sua vida e (talvez) detectar erros para não cometê-los novamente, simular possibilidades de futuro de acordo com decisões que temos que tomar, e tomá-las mais conscientemente. Porém, não é para todos isso, principalmente as primeiras vezes. Você tem que se aceitar. E se aceitar não é simplesmente abaixar a cabeça e continuar com seus erros, e sim aceitar que há esses erros e tentar consertá-los, sempre buscando se tornar uma pessoa melhor.


segunda-feira, 15 de junho de 2015

Uma Noite do Século (Noite na taverna)



UMA NOITE DO SÉCULO 

Bebamos! nem um canto de saudade! Morrem na embriaguez da vida as cores! Que importam sonhos, ilusões desfeitas? Fenecem como as flores! 
José Bonifácio 

 — Silêncio! moços!! acabai com essas cantilenas horríveis! Não vedes que as mulheres dormem ébrias, macilentas como defuntos? Não sentis que o sono da embriaguez pesa negro naquelas pálpebras onde a beleza sigilou os olhares da volúpia?? 

—Cala-te, Johann! enquanto as mulheres dormem e Arnold—o loiro—cambaleia e adormece murmurando as canções de orgia de Tieck, que musica mais bela que o alarido da saturnal? Quando as nuvens correm negras no céu como um bando de corvos errantes, e a lua desmaia como a luz de uma lâmpada sobre a alvura de uma beleza que dorme, que melhor noite que a passada ao reflexo das tachas? 

—És um louco, Bertram! não e a lua que lá vai macilenta: e o relâmpago que passe e ri de escárnio as agonies do povo que morre, aos soluços que seguem as mortalhas do cólera! 

—O cólera! e que importa? Não há por ora vida bastante nas veias do homem? não borbulha a febre ainda as ondas do vinho? não reluz em todo o seu fogo a lâmpada da vida na lanterna do crânio? 

—Vinho! vinho! Não vês que as taças estão vazias bebemos o vácuo, como um sonâmbulo? 

—E o Fichtismo na embriguez! Espiritualista, bebe a imaterialidade da embriaguez! 

—Oh! vazio meu copo esta vazio! Olá taverneira, não vês que as garrafas estão esgotadas? Não sabes, desgraçada, que os lábios da garrafa são como os da mulher: só valem beijos enquanto o fogo do vinho ou o fogo do amor os borrifa de lava? 

—O vinho acabou-se nos copos, Bertram, mas o fumo ondula ainda nos cachimbos! Após os vapores do vinho os vapores da fumaça! Senhores, em nome de sodas as nossas reminiscências, de todos os nossos sonhos que mentiram, de sodas as nossas esperanças que desbotaram, uma ultima saúde! A taverneira ai nos trouxe mais vinho: uma saúde! O fumo e a imagem do idealismo, e o transunto de tudo quanto ha mais vaporoso naquele espiritualismo que nos fala da imortalidade da alma! e pois, ao fumo das Antilhas, a imortalidade da alma! 

—Bravo! bravo! 

Um urrah tríplice respondeu ao moco meio ébrio. 

Um conviva se ergueu entre a vozeria: contrastavam-lhe com as faces de moco as rugas da fronte e a rouxidão dos lábios convulsos. Por entre os cabelos prateava-se-lhe o reflexo das luzes do festim. Falou: 

—Calai-vos, malditos! a imortalidade da alma? pobres doidos! e porque a alma e bela, porque não concebeis que esse ideal posse tornar-se em loco e podridão, como as faces belas da virgem morta, não podeis crer que ele morra? Doidos! nunca velada levastes porventura uma noite a cabeceira de um cadáver? E então não duvidastes que ele não era morto, que aquele peito e aquela fronte iam palpitar de novo, aquelas pálpebras iam abrires, que era apenas o ópio do sono que emudecia aquele homem? Imortalidade da alma! e por que também não sonhar a das flores, a das brisas, a dos perfumes? Oh! não mil vezes! a alma não e, como a lua, sempre moca, nua e bela em sue virgindade eterna! a vida não e mais que a reunião ao acaso das moléculas atraídas: o que era um corpo de mulher vai porventura transformar-se num cipreste ou numa nuvem de miasmas; o que era um corpo do verme vai alvejar-se no cálice da flor ou na fronte da criança mais loira e bela. Como Schiller o disse, o átomo da inteligência de Platão foi talvez pare o coração de um ser impuro. Pôr isso eu vo-lo direi: se entendeis a imortalidade pela metempsicose, bem! talvez eu creia um pouco:—pelo Platonismo, não! 

—Solfieri! es um insensato! o materialismo e árido como o deserto, e escuro como um túmulo! A nos frontes queimadas pelo normaço do sol da vida a nos sobre cuja cabeça a velhice regelou os cabelos, essas crianças frias! A nós os sonhos do espiritualismo! 

 —Archibald! deveras, que e um sonho tudo isso! No outro tempo o sonho da minha cabeceira era o espirito puro ajoelhado no seu manto argênteo, num oceano de aromas e luzes! Ilusões! a realidade e a febre do libertino, a taça na mão, a lascívia nos lábios e a mulher seminua, tremula e palpitante sobre os joelhos. 

—Blasfêmia—e não crês em mais nada: teu ceticismo derribou sodas as estatuas do teu templo, mesmo a de Deus? 

—Deus! crer em Deus! sim como o grito intimo o revela nas horas frias do medo—nas horas em que se tirita de susto e que a morte parece roçar úmida por nos! Na jangada do naufrago, no cadafalso, no deserto —sempre banhado do suor frio—do terror e que vem a crença em Deus! —Crer nele como a utopia do bem absoluto, o sol da luz e do amor, muito bem! Mas se entendeis por ele os ídolos que os homens ergueram banhados de sangue, e o fanatismo beija em sua inanimação de mármore de há cinco mil anos! não credo nele! 

—E os livros santos?

—Miséria! quando me vierdes falar em poesia eu vos direi: ai ha folhas inspiradas pela natureza ardente daquela terra como nem Homero as sonhou—como a humanidade inteira ajoelhada sobre os túmulos do passado nunca mais lembrara! Mas quando me falarem em verdades religiosas, em visões santas, nos desvarios daquele povo estúpido—eu vos direi—miséria! miséria! três vezes miséria! Tudo aquilo e falso— mentiram como as miragens do deserto! 

—Estas ébrio, Johann! O ateísmo e a insânia como o idealismo místico de Schelling, o panteísmo de Spinoza o judeu, e o crente de Malebranche nos seus sonhos da visão em Deus. A verdadeira filosofia e o epicurismo. Hume bem o disse: o fim do homem e o prazer. Dai vede que e o elemento sensível quem domina. E pois ergamo-nos, nos que amanhecemos nas noites desbotadas de estudo insano, e vimos que a ciência e falsa e esquiva, que ela mente e embriaga como um beijo de mulher. 

—Bem! muito bem! e um toast de respeito! 

—Quero que todos se levantem, e com a cabeça descoberta digam-no: Ao Deus Pan da natureza, aquele que a antiguidade chamou Baeo o filho das coxas de um deus e do amor de uma mulher, e que nos chamamos melhor pelo seu nome—o vinho. 

—Ao vinho! ao vinho! 

Os copos cairam vazios na mesa. 

—Agora ouvi-me, senhores! entre uma saúde e uma baforada de fumaça, quando as cabeças queimam e os cotovelos se estendem na toalha molhada de vinho, como os braços do carniceiro no cepo gotejaste, o que nos cabe e uma historia sanguinolenta, um daqueles contos fantásticos—como Hoffmann os delirava ao clarão dourado do Johannisberg! 

—Uma historia medonha, não Archibald?—falou um moco pálido que a esse reclamo erguera a cabeça amarelenta. Pois bem, dir-vos-ei uma historia. Mas quanto a essa, podeis tremer a gosto, podeis suar a frio da fronte grossas bagas de terror. Não e um conto, e uma lembrança do passado. 

—Solfieri! Solfieri! ai vens com teus sonhos! 

—Conta! 

Solfieri falou: os mais fizeram silêncio


texto retirado de "Uma Noite na taverna" de Alvares de Azevedo

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Música para o FDS #15 - Roupa Nova

Para finalizar as homenagens da data de hoje e a programação semanal, nada como a mais romântica banda de todas: Roupa Nova.
Não conheço uma mulher sequer que não goste dessa banda e a ache romântica. Esses caras todos cantam, até porque tem sua origem em bandas de baile há muito tempo atras.

Reza a lenda que quando música "Dona" ( música que foi tema da novela "Roque Santeiro") começa a ser cantada nos shows da banda, ao menos quatro mulheres da platéia engravidam, é espantoso!

Mas vos deixo outra música para embalar aquela sua noite romântica com a pessoa amada ou a solidão, "Amar é".





Especial - Dia dos Namorados

Hoje é um dia muito especial, hoje faz um ano da abertura do copa do mundo de futebol no Brasil é dia dos namorados. Tá bom, não é tão importante assim, é muito mais importante para as mulheres que para os homens. 

Também é conhecido como dia do "tô bem assim", "antes só do que mal acompanhada" e "não passo o dia da árvore sendo uma árvore, não preciso de namorado no dia dos namorados". Enfim, é o dia em que o cara paga mais caro por uma flor e passa raiva na fila e no restaurante (porque a namorada insiste que tem que ir), mas esse ano é sexta pelo menos. \o/

No entanto, não poderia deixar de homenagear àqueles que gostam, comemoram ou, simplesmente, acham interessante a data.

Fique com esse vídeo e note que pequenas atitudes podem transformar suas vidas.


quinta-feira, 11 de junho de 2015

Capacetes Japonês x Chinês

Existe pelo mundo, não só no Brasil, um certo mito sobre a má qualidade de produto chineses. Um rapaz resolveu comparar uma marca de capacete japonês com uma marca chinesa para ver se procede esse mito.

Ele colocou um capacete de cada vez sobre uma mesa e o atingiu um uma barra de ferro, depois de ter ido ao chão ele golpeou mais algumas vezes. Foi o mesmo procedimento para os dois capacetes. Qual foi a conclusão? Veja o vídeo e tire suas próprias.


quarta-feira, 10 de junho de 2015

Morte de Camões

Hoje é aniversário de morte do grande escritor português Luis Vaz de Camões, um dos grandes expoentes da literatura portuguesa de todos os tempos. Morreu em 1579 (ou 1580?) ao que supõem-se com 56 anos, na cidade de Lisboa.



Esse poeta viveu durante um período bastante próspero da coroa lusitana, durante as grandes navegações. Devido à esse período foi possível a composição de sua grande obra: Os Lusíadas. Essa epopeia portuguesa retrata a descoberta do caminho para as Índias pelo navegador Vasco da Gama, misturada com outros fatos da história de Portugal.



Essa obra é composta por 10 cantos (que são partes), que impressiona por seguir durante toda ela a mesma métrica. São versos dodecassílabos (com 12 sílabas poéticas) em suas 1102 estrofes e 8816 versos. Seguindo os sistema de rimas AB AB AB CC. Diz-se que o próprio Camões estava na frota de Vasco, e durante o retorno a embarcação onde estava naufragou e ele se agarrou ao livro para salvá-lo e que se fosse perdê-lo preferia ir junto para o fundo do mar.



Mesmo "Os Lusíadas" sendo a grande obra de sua vida, acredito que muitos o conheçam por um soneto. Talvez nem o conheçam, mas esse soneto (ou parte dele) é bastante difundido pela população:


Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

terça-feira, 9 de junho de 2015

Frase da Semana #16

"Se você pensa que pode ou que não pode, você estará sempre certo."
Henry Ford



Essa frase li essa semana na rede social do Mark. Muito interessante, porque muitas vezes o nosso maior limitador somos nós mesmo

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Pedro e o lobo


O Pedro era um pastor. O seu trabalho era tomar conta das ovelhas enquanto pastavam. Mas por vezes ficava aborrecido por estar sozinho, sem ninguém com quem brincar e falar.
Um dia resolveu fazer uma brincadeira para se divertir.
Desatou a gritar:
- Lobo, lobo, socorro, está aqui um lobo!
Os fazendeiros que ouviram a gritaria desataram a correr para ajudar o Pedro a afugentar o lobo, mas quando chegaram lá não havia lobo nenhum.
O Pedro fartou-se de rir mas os fazendeiros não acharam piada nenhuma à brincadeira e foram-se embora.
No outro dia o Pedro resolveu fazer o mesmo.
Desatou a gritar: 
- Lobo, lobo, socorro, está aqui um lobo!
Os fazendeiros correram para ajudar o Pedro, mas não havia lobo nenhum. O Pedro desatou a rir mas os fazendeiros ficaram zangados e disseram: - Este miúdo pensa que não temos mais nada que fazer! e foram-se embora.
Passados uns dias os fazendeiros ouviram o Pedro a gritar: 
- Lobo, lobo, socorro, está aqui um lobo! 
E disseram uns aos outros: 
- Não nos vamos deixar enganar. Hoje ficamos aqui.
O Pedro continuou a gritar porque desta vez era mesmo um lobo que lhe estava a matar as ovelhas. 
- Porque é que ninguém me ajudou? - perguntou o Pedro a chorar. Agora fiquei sem ovelhas.
Não te ajudamos porque pensávamos que era mais uma brincadeira - responderam os fazendeiros.


sexta-feira, 5 de junho de 2015

Música para o FDS #14 - Janderson & Anderson

Hoje é primeira sexta do mês e vocês já sabem, artistas nacionais.

Essa dupla Janderson e Anderson é de Maringá/PR e ja são bastante conhecidos na região e até outros estados. Tem músicas boas que vão do sertanejo universitário até modas de viola.

Eles já tem um clipe da nova música de trabalho deles, mas preferi deixar com vocês esse que é mais legal mesmo.




quinta-feira, 4 de junho de 2015

Sobre a virgula

Esse texto a seguir já havia lido, mas semana passada recebi-o novamente e seguindo sugestão do Suzuki publico-o aqui no no blog.



Vírgula pode ser uma pausa...ou não.
Não, espere.
Não espere.

Ela pode sumir com seu dinheiro:
23,4.
2,34.

Pode criar heróis:
Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.

A vírgula pode mudar uma opinião:Não queremos saber.
Não, queremos saber.

A vírgula pode condenar ou salvar:
Não tenha clemência!
Não, tenha clemência!

Uma vírgula muda tudo.

Detalhes adicionais:


SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM A MULHER ANDARIA DE QUATRO À SUA PROCURA.

*Se você for mulher, certamente colocou a vírgula depois de MULHER...
*Se você for homem, colocou a vírgula depois de TEM...

Texto inteligente.  ;)

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Frase da semana #15

"O homem que volta ao mesmo rio, nem o rio é o mesmo rio, nem o homem é o mesmo homem."

Heráclito

terça-feira, 2 de junho de 2015

Questão de Opinião #5 - Diagrama do relacionamento


Eu, por incrível que pareça, tenho uma namorada. Mesmo feio, gordo e chato. E algumas histórias sempre se repetem, como quando volto para Ribeirão. Toda vez é a mesma coisa, alguma pessoa me pergunta se vou viajar no fim de semana, eu confirmo, ela pergunta se minha namorada vai junto eu digo que não e ela pergunta o porquê, seguido de um “mas vocês não são namorados? Como você vai viajar sozinho?”.

Na verdade mesmo não é mais sempre que acontece, depois de ter explicado várias vezes já acostumaram. De um forma resumida é: não nasci grudado nela e ela tem compromissos que a impedem de ir.  Mas, na minha visão, como funciona (ou teoricamente funcionaria) um relacionamento? Vou explicar com auxilio de figuras (diagrama de Euler-Venn).

No inicio as duas pessoas não se conhecem, então cada uma é um circulo isolado sem interação, sem assuntos em comum.



Quando elas se conhecem e começam a namorar começa a aparecer uma pequena área de sobreposição de seus círculos pessoais, mas ainda resta uma grande área que não é comum, para ambos.



Assim, a medida que o tempo vai passando, os dois se conhecendo, criando intimidades e afinidades, seus círculos vão cada vez mais se sobrepondo, até o pondo máximo de sobreposição que seria o casamento.



No entanto, note que até no casamento há uma parte do circulo que não é comum: a individualidade de cada um. O que acontece muito que eu vejo, pode ser representado nos diagramas abaixo:



Existem, basicamente, essas duas situações que eu vejo, principalmente em casais mais jovens. A primeira é a precipitação, o casal mal começou o namoro e praticamente o tempo todo os dois estão juntos, um diagrama parecido com o de casado. A pessoa não pode ir à padaria sozinha (quando mais viajar e passar o fim de semana fora). A segunda é uma situação pior ainda, porque uma pessoa se dedica, vive em função da outra, mas essa outra nem tanto. É onde começam as brigas e cobranças para que a pessoa seja igual, e as brigas desgastam o relacionamento.

Acredito que seja mais que normal, para não dizer necessário, que cada individuo do casal tenha um tempo só para ele, que seja para jogar bola com os amigos, ir no cabeleireiro, no esteticista, na casa de um amigo jogar vídeo-game, ou até mesmo num bar tomar uma cerveja, obviamente sempre havendo respeito e lealdade com o parceiro. Mas é bom esses momentos longe do companheiro, pois, por mais perfeito que seja o relacionamento existem falhas, pequenas coisas que o outro faz que incomoda, e é justamente nessas horas que a pessoa pode por pra fora aquilo que não gosta, sem correr o risco de magoar o parceiro. Ainda podem surgir conversas comparativas e a pessoas perceber que aquilo que está ficando insustentável não é tão ruim assim. 

Por exemplo: uma mulher quase todo dia reclama com o marido que ele deixa a toalha molhada em cima da cama, e está num ponto de quase separar por esse motivo. Em uma conversa com as amigas ela cita sua aflição, uma amiga relata que o marido dela não abaixa a tampa da privada (nisso a primeira pensa “nossa, ainda bem que o meu abaixa”) e uma terceira diz que o marido deixa a toalha na cama e não abaixa a tampa da privada (ai as duas já pensam “meu Deus, coitada, ainda bem que o meu só faz um. Eu tenho um marido de ouro em casa”). E assim mais um casamento foi salvo. Exageros a parte, uma conversa com os amigos sempre é bem vinda, até para se ter um outro ponto de vista dos problemas buscando solucioná-los ou minimizá-los.

Finalizando, os casais que mal se conhecem e tem o diagrama de casal. Essa intersecção dos círculos pessoais, não é fácil, durante o processo vão se formando pequenas fissuras que necessitam de tempo para serem reparadas já adaptadas à nova realidade.  Por isso é necessário esse tempo de namoro, noivado antes do casamento. Quando é feito muito rápido essas fissuras vão aumentando cada vez mais à medida que os círculos vão se sobrepondo, e sem planejamento o reparo pode não existir ou ser muito lento. Então a soma desses dois fatores acabam levando ao fim de grande parte dos “relacionamentos relâmpagos”. 


segunda-feira, 1 de junho de 2015

A Igreja do Diabo - capitulo IV



A Igreja do Diabo


Capitulo IV
Franjas e franjas


     A previsão do Diabo verificou-se. Todas as virtudes cuja capa de veludo acabava em franja de algodão, uma vez puxadas pela franja, deitavam a capa às urtigas e vinham alistar-se na igreja nova. Atrás foram chegando as outras, e o tempo abençoou a instituição. A igreja fundara-se; a doutrina propagava-se; não havia uma região do globo que não a conhecesse, uma língua que não a traduzisse, uma raça que não a amasse. O Diabo alçou brados de triunfo. 
    Um dia, porém, longos anos depois notou o Diabo que muitos dos seus fiéis, às escondidas, praticavam as antigas virtudes. Não as praticavam todas, nem integralmente, mas algumas, por partes, e, como digo, às ocultas. Certos glutões recolhiam-se a comer frugalmente três ou quatro vezes por ano, justamente em dias de preceito católico; muitos avaros davam esmolas, à noite, ou nas ruas mal povoadas; vários dilapidadores do erário restituíam-lhe pequenas quantias; os fraudulentos falavam, uma ou outra vez, com o coração nas mãos, mas com o mesmo rosto dissimulado, para fazer crer que estavam embaçando os outros. 
     A descoberta assombrou o Diabo. Meteu-se a conhecer mais diretamente o mal, e viu que lavrava muito. Alguns casos eram até incompreensíveis, como o de um droguista do Levante, que envenenara longamente uma geração inteira, e, com o produto das drogas, socorria os filhos das vítimas. No Cairo achou um perfeito ladrão de camelos, que tapava a cara para ir às mesquitas. O Diabo deu com ele à entrada de uma, lançou-lhe em rosto o procedimento; ele negou, dizendo que ia ali roubar o camelo de um drogomano; roubou-o, com efeito, à vista do Diabo e foi dá-lo de presente a um muezim, que rezou por ele a Alá. O manuscrito beneditino cita muitas outras descobertas extraordinárias, entre elas esta, que desorientou completamente o Diabo. Um dos seus melhores apóstolos era um calabrês, varão de cinqüenta anos, insigne falsificador de documentos, que possuía uma bela casa na campanha romana, telas, estátuas, biblioteca, etc. Era a fraude em pessoa; chegava a meterse na cama para não confessar que estava são. Pois esse homem, não só não furtava ao jogo, como ainda dava gratificações aos criados. Tendo angariado a amizade de um cônego, ia todas as semanas confessar-se com ele, numa capela solitária; e, conquanto não lhe desvendasse nenhuma das suas ações secretas, benzia-se duas vezes, ao ajoelhar-se, e ao levantar-se. O Diabo mal pôde crer tamanha aleivosia. Mas não havia que duvidar; o caso era verdadeiro. 
     Não se deteve um instante. O pasmo não lhe deu tempo de refletir, comparar e concluir do espetáculo presente alguma coisa análoga ao passado. Voou de novo ao céu, trêmulo de raiva, ansioso de conhecer a causa secreta de tão singular fenômeno. Deus ouviu-o com infinita complacência; não o interrompeu, não o repreendeu, não triunfou, sequer, daquela agonia satânica. Pôs os olhos nele, e disse-lhe: 
     — Que queres tu, meu pobre Diabo? As capas de algodão têm agora franjas de seda, como as de veludo tiveram franjas de algodão. Que queres tu? É a eterna contradição humana.