segunda-feira, 6 de abril de 2015

Os três fios de cabelo do Diabo (parte IV)

Leia Antes: parte I, parte II e parte III

Os três fios de cabelo do Diabo (parte IV - final)

Continuando:
O rapaz agradeceu e partiu, levando os fios de cabelo no bolso. Depois de uma longa caminhada, chegou ao rio e acenou para o barqueiro, pedindo que o levasse à outra margem.
Durante a travessia, o barqueiro perguntou: -Você trouxe a resposta que lhe pedi?
O rapaz, que era muito esperto, respondeu: -Sim, mas não consigo me lembrar dela.
Já na outra margem, ao desembarcar, disse: -Agora, sim, me recordo... Se você quiser mesmo ficar livre de seu ofício, bastará entregar os remos ao primeiro passageiro que aparecer.
O barqueiro, agradecido, deu-lhe um burro carregado de ouro.
O rapaz continuou seu caminho de volta. Encontrou o mesmo grupo de homens, que continuavam aos pés da macieira. Aproximando-se, disse:
-Há um verme na raiz dessa árvore. É preciso tirá-lo daí, para que a árvore volte a dar frutos.
Os homens obedeceram e, tão logo encontraram o verme e o arrancaram da raiz, muitas maçãs de ouro brotaram dos galhos. Agradecidos, presentearam o rapaz com um burro carregado de ouro. Com este, ele já levava dois...
Mais adiante, reencontrou os homens que continuavam junto à fonte e lhes disse:
-Há um rato morando na nascente. É preciso tirá-lo de lá.
Os homens assim o fizeram. Logo a fonte voltou a ser como antes. E os homens, para mostrar sua gratidão, deram ao rapaz um burro carregado com ouro que, enfim, voltava a jorrar.
Assim, com os três burros e os três fios de cabelo do Diabo, o rapaz chegou ao palácio. Depois de abraçar sua esposa, foi procurar o rei.
-Pronto, majestade. Aqui está sua encomenda – disse, entregando-lhe os três fios de cabelo do Diabo.
O rei, ao ver a riqueza que o rapaz trazia na sela dos três burros, perguntou onde havia conseguido.
-Do outro lado do rio – ele respondeu.
O rei então pegou todos os cavalos que possuía e dirigiu-se ao rio. O barqueiro, ao vê-lo, lembrou-se da resposta que o rapaz havia lhe dado. Entregou os remos ao rei e, assim, libertou-se do oficio que tanto o vinha enfastiando, ultimamente.
O rei ficou grudado aos remos e ali continua, até hoje, sem sabem como se livrar do encantamento.

(extraído de “Contos populares espanhóis” - uma seleção de contos feita por Yara Maria Camillo)

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