Continuando:
O rapaz agradeceu e partiu, levando os fios de cabelo no bolso.
Depois de uma longa caminhada, chegou ao rio e acenou para o
barqueiro, pedindo que o levasse à outra margem.
Durante a travessia, o barqueiro perguntou: -Você trouxe a
resposta que lhe pedi?
O rapaz, que era muito esperto, respondeu: -Sim, mas não
consigo me lembrar dela.
Já na outra margem, ao desembarcar, disse: -Agora, sim, me
recordo... Se você quiser mesmo ficar livre de seu ofício,
bastará entregar os remos ao primeiro passageiro que aparecer.
O barqueiro, agradecido, deu-lhe um burro carregado de ouro.
O rapaz continuou seu caminho de volta. Encontrou o mesmo grupo de
homens, que continuavam aos pés da macieira. Aproximando-se,
disse:
-Há um verme na raiz dessa árvore. É preciso
tirá-lo daí, para que a árvore volte a dar
frutos.
Os homens obedeceram e, tão logo encontraram o verme e o
arrancaram da raiz, muitas maçãs de ouro brotaram dos
galhos. Agradecidos, presentearam o rapaz com um burro carregado de
ouro. Com este, ele já levava dois...
Mais adiante, reencontrou os homens que continuavam junto à
fonte e lhes disse:
-Há um rato morando na nascente. É preciso tirá-lo
de lá.
Os homens assim o fizeram. Logo a fonte voltou a ser como antes. E os
homens, para mostrar sua gratidão, deram ao rapaz um burro
carregado com ouro que, enfim, voltava a jorrar.
Assim, com os três burros e os três fios de cabelo do
Diabo, o rapaz chegou ao palácio. Depois de abraçar sua
esposa, foi procurar o rei.
-Pronto, majestade. Aqui está sua encomenda – disse,
entregando-lhe os três fios de cabelo do Diabo.
O rei, ao ver a riqueza que o rapaz trazia na sela dos três
burros, perguntou onde havia conseguido.
-Do outro lado do rio – ele respondeu.
O rei então pegou todos os cavalos que possuía e
dirigiu-se ao rio. O barqueiro, ao vê-lo, lembrou-se da
resposta que o rapaz havia lhe dado. Entregou os remos ao rei e,
assim, libertou-se do oficio que tanto o vinha enfastiando,
ultimamente.
O rei ficou grudado aos remos e ali continua, até hoje, sem
sabem como se livrar do encantamento.
(extraído de “Contos populares espanhóis” - uma
seleção de contos feita por Yara Maria Camillo)
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